Produção de livros certificados vem crescendo de 20% a 30% ao ano. Papel sintético leva na composição 75% de embalagens descartadas.
Já não se fazem mais livros como antigamente. Aliás, já não se faz mais papel como antigamente. Está cheio de novidades um mercado competitivo e cada vez mais criativo na busca por soluções sustentáveis.
O
primeiro livro certificado ambientalmente do Brasil é de um autor
português, e não é de um português qualquer. Único prêmio Nobel de
literatura em língua portuguesa, José Saramago fez história há sete
anos quando lançou no Brasil o livro “Intermitências da Morte”. Exigiu
que toda a cadeia de produção, da floresta de eucalipto à gráfica,
fosse ambientalmente correta e tivesse selo verde.
“Foi um
lançamento mundial em papel amigo da natureza. Ele disse que outros
países estavam fazendo e que ele queria muito que a gente fizesse
também. Então eu fiquei assim, ‘o que é um papel amigo da natureza?’”,
afirma Elisa Braga, diretora de produção da Companhia das Letras.
Depois do susto, a editora resolveu adotar a certificação como norma.
“Hoje são 600 títulos certificados e por volta de 200 mil exemplares
certificados”, diz Elisa.
A primeira gráfica certificada da
América do Sul fica em Santo André, na Grande São Paulo. Já saíram de
lá 5 milhões de livros feitos de matéria-prima certificada, o que
equivale a 3,2 milhões de árvores que foram retiradas de florestas onde
há plano de manejo. Para cada árvore retirada, uma outra é plantada.
Segundo
a empresa, a produção de livros certificados vem crescendo de 20% a 30%
ao ano. Em 2010, um decreto presidencial determinou que compras
públicas de livros didáticos com tiragem acima de 200 mil unidades
deveriam ser impressas em papel certificado.
“Nós entendemos que
foi uma exigência do mercado. Nossos clientes começaram a exigir que um
produto seja certificado. Esse consumidor final, se pegar um livro
atrás dele, tiver um selo certificado, sabe de onde vem, quem produziu,
quais são os papéis, a empresa que fornece matéria-prima, o papel, e
essa empresa consegue saber de que árvore, pode chegar até de que
arvore, que plantação esse papel foi extraído”, afirma Marcelo
Gonçalves, gerente de produção.
E se o livro não for de papel de
verdade? O que parece um livro convencional é feito de plástico. “É um
papel feito a partir de prolipropileno, com aspecto semelhante ao papel
couchet e com a grande vantagem de ter mais durabilidade, ser muito
resistente, não rasgar, poder ser molhado sem nenhum problema”, diz
Aldo Mortara, gerente de pesquisa e desenvolvimento da Vitapel.
Em
uma fábrica em Sorocaba, interior de São Paulo, os plásticos recolhidos
nas cooperativas são triturados antes de se transformar em livros.
O
papel sintético leva na composição 75% de embalagens plásticas
descartadas como lixo. Para cada tonelada produzida desse papel, são
750 quilos de plásticos a menos nos aterros. Na comparação com o papel
convencional, o papel sintético consome 20% a menos de tinta e pesa
menos.
Transformar lixo em cultura é outro trunfo dessa tecnologia. Já não se fazem mais livros como antigamente. Melhor assim.
Fonte: envolverde
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