dezembro 17, 2012

Conheça os fatores que ameaçam a Biodiversidade da Amazônia


Doutor Mike Hopkins (Foto: Divulgação)Mike Hopkins, do INPA (Foto: Divulgação)
País megadiverso é o termo usado pela organização privada Conservação Internacional para designar os países mais ricos em biodiversidade animal e vegetal. Dentre eles, o principal é o Brasil, com mais de 160.000 espécies, grande parte delas na Floresta Amazônica. No entanto, por conta da dificuldade de coletar e cadastrar todas as espécies, nem todas são conhecidas pelos pesquisadores ligados ao meio ambiente, sendo assim mais difícil preservá-las.
De acordo com a Lista de Espécies da Flora do Brasil (2010), organizada pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro, a Região Norte do país, principalmente a Amazônia, possui 14.615 espécies de plantas – incluindo fungos e plantas como musgos.  “Pessoalmente, não acredito que o número seja tão pequeno. Deveria haver mais espécies cadastradas que isso, provavelmente mais que 50.000 ou talvez o dobro disso”, comenta Mike Hopkins, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).
Para Hopkins, o problema é que não há informação suficiente sobre a flora e, para isso, é preciso fazer mais coletas de plantas. “Para ter conhecimento da flora amazônica no mesmo nível que há em outras regiões do Brasil, precisamos ter mais ou menos 7.000.000 de coletas na Amazônia, e no momento só temos aproximadamente 450.000. Então é extremamente arriscado estimar quantas espécies de plantas existem na Amazônia”, explica.
Espécies amazônicas ameaçadas
Amazônia (Foto: Divulgação/Tabajara Moreno/INPA)
Ao todo, 24 espécies da fauna amazônica estão
ameaçadas (Foto: Tabajara Moreno/INPA)
Em todo o Brasil, segundo a listagem oficial brasileira do Ministério do Meio Ambiente (nº 6/2008), há 472 espécies da flora brasileira ameaçadas. Dessas, 24 estão na Amazônia. Um exemplo é a castanheira-do-Brasil, também conhecida como castanheira-do-Pará.
“Apesar de ser frequente em grande parte da Amazônia, a castanheira encontra-se ameaçada pelo desmatamento e pelo uso ilegal de sua madeira para a fabricação de assoalhos, paredes, painéis decorativos, forros e compensados. As suas castanhas são muito apreciadas para consumo tanto para comercialização interna como externa, e servem de alimento para cutias e pacas [espécies de roedores], que promovem a dispersão de suas sementes”, explica Marcelo Raseiro, chefe do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade da Amazônia.
Quanto à fauna, os cientistas não sabem ao certo quantas espécies de animais há no bioma amazônico – tanto na parte brasileira quanto nas do Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e França (Guiana Francesa). “Estima-se que haja 427 mamíferos, 1.300 aves, 378 répteis, mais de 400 anfíbios e aproximadamente 3.000 peixes de água doce”, ressalta Raseiro. Destacam-se as ameaças aos peixes: das mais de 1.700 espécies conhecidas pelo CEPAM até o momento, 407 já foram avaliadas quanto ao seu grau de ameaça.
Há muitos fatores que geram ameaças à fauna e à flora amazônicas, como o desmatamento, e a expansão da fronteira agrícola e a construção de hidrelétricas. Para Mike Hopkins, uma das grandes causas é a ignorância. “Se soubéssemos mais, poderíamos identificar melhor as áreas mais importantes para conservação e melhores maneiras de manejo para sustentar a biodiversidade. Deveria haver uma preocupação com a negligência histórica da ciência amazônica e uma transferência em massa de recursos para a Amazônia para recuperar os anos perdidos”, completa Hopkins.
Fonte: Globo ecologia

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