O derretimento dos subsolos árticos congelados, o chamado
permafrost, ameaça elevar consideravelmente o aquecimento global e deve
ser levado em conta nos modelos climáticos, recomendou nesta
terça-feira (27) o Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente) durante a COP 18, a cúpula do Clima em Doha, no Catar.
Devido ao rápido aumento das temperaturas nas regiões árticas, o
permafrost já está derretendo, enfatizou Kevin Schaefer, pesquisador da
Universidade do Colorado e principal autor de um relatório sobre o tema
para o Pnuma.
“O permafrost é uma das chaves do futuro de nosso planeta. Seu
impacto potencial no clima, nos ecossistemas e nas infraestruturas foi
descuidado durante muito tempo”, declarou Achim Steiner, diretor-geral
do Pnuma, em comunicado.
Essa área representa, mais ou menos, um quarto da superfície da
Terra no hemisfério Norte. Em nível mundial, encerra 1,7 trilhão de
toneladas de carbono, mais ou menos o dobro de CO2 presente na
atmosfera, recordou Schaefer.
Se esta matéria orgânica congelada se derreter, libertará lentamente
todo o carbono que acumulou e “neutralizou” com a passagem do séculos.
“Uma vez que começa a derreter, o processo é irreversível. Não há
nenhuma forma para voltar a capturar o carbono liberado. E este
processo continua durante séculos, já que a matéria orgânica é muito
fria e se decompõe lentamente”, advertiu o cientista.
Toneladas de CO2 – O problema é que este excesso de
CO2 liberado na atmosfera jamais foi incluído nas projeções sobre o
aquecimento climático que são objeto de negociações mundiais. E é ainda
mais preocupante se for considerado que a temperatura das zonas árticas
e alpinas deveriam aumentar duas vezes mais rápido que no conjunto do
globo, insiste o relatório do Pnuma.
Uma alta de 3 graus Celsius em média se traduziria em um aumento de
6 graus Celsius no Ártico, o que provocaria o desaparecimento de 30% a
85% do permafrost próximo da superfície.
O derretimento do permafrost produziria o equivalente entre 43
bilhões de toneladas e 135 bilhões de toneladas de CO2 adicional para
2020, o que representa 39% das emissões totais até a data de hoje.
Em consequência, o Pnuma recomenda ao Painel Intergovernamental
sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) que leve em conta
especificamente o impacto crescente do permafrost no aquecimento global.
Mais de 190 países se reuniram na segunda-feira, em Doha, na grande
conferência anual sobre a mudança climática que deverá decidir o futuro
do Protocolo de Kyoto e esboçar as bases de um grande acordo previsto
para 2015, no qual devem participar todos os grandes países poluidores
do planeta. A conferência prossegue até 7 de dezembro.
Em 4 de dezembro, os negociadores contarão com a participação de
mais de 100 ministros de Meio Ambiente para concluir o tratado
climático, em uma nova etapa do trabalhoso processo de negociações
lançado em 1995.
Fonte: UOL
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