fevereiro 28, 2012

Mudanças climáticas podem afetar padrões migratórios de aves


Uma nova pesquisa da Universidade da Carolina do Norte revelou mais um dos efeitos das mudanças climáticas na vida das aves. Desta vez, o impacto recai sobre os padrões migratórios de algumas espécies de aves nos Estados Unidos. E segundo os cientistas responsáveis pela análise, as consequências podem ser devastadoras: a alteração no clima poderá levar à extinção de muitas espécies de aves que não conseguirem se adaptar.
O estudo, baseado nos dados do site eBird, que desde 2002 já coletou mais de 48 milhões observações de cerca de 35 mil ornitólogos amadores, analisou 18 espécies diferentes de aves, que migram de diferentes pontos do planeta até o norte dos EUA. Os pesquisadores observaram que as mudanças climáticas tiveram um impacto negativo no padrão de migração das aves em longo prazo, apressando o tempo de chegada dos animais no norte dos EUA.
Em média, cada espécie atingiu os pontos de parada do ciclo de migração 0,8 dias mais cedo do que o padrão para cada grau Celsius de elevação na temperatura, mas algumas espécies chegaram a acelerar sua chegada entre três e seis dias para cada grau Celsius elevado. Pode parecer pouco, mas essa alteração no tempo de chegada das aves nos pontos de parada da migração pode alterar significativamente a reprodução e a sobrevivência dos animais.

“O tempo de migração é algo vital para a saúde geral das espécies de aves. Elas têm que cronometrar isso de forma correta para equilibrar a chegada em locais de procriação depois que não há mais risco de condições de inverno severas”, explicou Allen Hurlbert, professor de biologia da Universidade da Carolina do Norte e autor do estudo.

“Se elas fizerem isso errado, elas podem morrer ou podem não procriar bem. Uma mudança na migração pode começar a contribuir para o declínio da população, colocando muitas espécies em risco de extinção”, continuou Hurlbert.

A pesquisa indica que a velocidade de migração de cada espécie é o que mais influencia na forma como esta responde às temperaturas. De acordo com o estudo, as aves que migram mais lentamente são as que mais se adaptam às alterações. “Espécies que tendem a avançar rapidamente, assim como as que migram de distâncias maiores, como da América Central ou do Sul, foram menos capazes de se adaptar a mudanças de temperatura”, observou o autor.

Mas as espécies que migram mais lentamente também não estão isentas de sofrerem com as mudanças climáticas. Por causa do maior tempo de parada nos pontos intermediários da migração, estas aves exigem mais do habitat onde estão, o que as torna mais dependentes dos recursos locais.
Em longo prazo, isso pode se tornar um problema, já que as mudanças climáticas poderão alterar tais habitats, sobretudo se nada for feito para combatê-las. Assim, espécies poderiam ser forçadas a desacelerar ainda mais sua migração, colocando mais pressão sobre as rotas migratórias.
O professor acredita que as descobertas da pesquisa poderão ser úteis para aumentar a consciência para a conservação de aves, para ajudar os cientistas a identificar em que regiões haverá mais mudanças nas migrações e quais espécies enfrentam as maiores ameaças em relação à adaptação ás mudanças climáticas.

“Agora temos uma ideia muito melhor de que partes do país estão observando grandes mudanças no tempo de migração, e quais espécies podem ser menos capazes de se adaptar às mudanças do clima. Há muita preocupação na comunidade científica em relação às mudanças climáticas e como elas afetarão os seres vivos. Esses são dados realmente úteis que provavelmente podem lidar com essa ansiedade em torno das aves”, concluiu Hurlbert.

Fonte: Instituto Carbono Brasil

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