outubro 01, 2013

Mercúrio utilizado no garimpo causa contaminação no solo e em pessoas


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Mineradores usam mercúrio no garimpo para
identificar o ouro (Foto: Thinkstock/Getty Images)

Exploração de ouro na Serra Pelada durante a década de 80 ficou marcada pelas graves consequências causadas pela utilização desta substância
A técnica de exploração de minérios que se dedica principalmente a extração de pedras preciosas, como ouro e diamantes, é conhecida como garimpo. A garimpagem pode ocorrer de forma mecânica ou manual e na maioria das vezes utiliza o mercúrio para facilitar a exploração mineral. Apesar da vantagem de catalisar o processo de identificação do ouro, por exemplo, essa substância química é responsável por gerar graves danos ao meio ambiente e aos seres humanos que a ela ficam expostos.
foto da regiao de serra pelada mostrando pilhas antigas de material deixado pelos garimpeiros 606
Região de garimpo na Serra Pelada (Foto: Divulgação/ Marcello Veiga)
O mercúrio é utilizado no processo de garimpagem em sua forma líquida para atrair o ouro diluído em um determinado solo, formando uma liga entre as substâncias. Giorgio de Tomi, diretor do Núcleo de Pesquisa para a Pequena Mineração Responsável da Universidade de São Paulo, explica que quando esse concentrado é queimado, o mercúrio evapora deixando apenas o ouro em seu estado bruto. A contaminação com a substâcia pode ocorrer de forma direta, por inalação, ou indireta após sua precipitação no solo. " A combinação do mercúrio precipitado com compostos orgânicos do solo forma a substância metilmercúrio, altamente danosa", esclarede de Tomi.
Além de contaminar o solo, o metilmercúrio pode provocar graves complicações à saúde de garimpeiros ou de pessoas que indiretamente são infectadas. “O metilmercúrio se acumula na cadeia alimentar se fixando na natureza. Ele normalmente fica por volta da região em que o material foi processado, mas com chuva pode cair em um curso de água. Nos seres humanos, ele é conhecido por causar enfermidades neurológicas graves”, declara Giorgio.
Na década de 80, o uso do mercúrio durante a intensa corrida pelo ouro na Serra Pelada causou sérias consequencias para a região. Além de chamar atenção por ter sido o local do maior garimpo a céu aberto do mundo, a exploração do ouro nas jazidas do estado do Pará ficou marcada pelas graves contaminações do solo e de trabalhadores. A falta de equipamentos de proteção, como máscaras ou luvas, permitiu que o mercúrio fosse diretamente inalado pelos garimpeiros, que sofreram com sérias complicações de saúde chegando, em certos casos, à óbito.
As atividades garimpeiras na Serra Pelada desaceleraram durante a década de 90 até serem interrompidas. As crateras abertas no período da exploração foram abandonadas sem qualquer tratamento de recuperação do solo. Hoje, Giorgio explica que a região está dividida entre cooperativas de garimpeiros. Algumas delas já fizeram parcerias com grandes empresas e reiniciaram atividades de escavações subterrâneas.
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Instalações de recuperação de ouro na Serra Pelada (Foto: Divulgação/ Marcello Veiga)
A USP foi procurada por uma destas cooperativas para fazer um caminho diferente. Giorgio explica que o trabalho a ser realizado pela universidade é de reconhecimento do espaço antes da exploração. “Fomos procurados para reconhecer, saber como é a reserva. A ideia é fazer um plano de negócio para deixar a relação com um futuro investidor mais transparente”, diz.
Giorgio conta ainda ter realizado uma pesquisa de levantamento com garimpeiros da rSerra pelada sbre a aceitação de novas tecnologias limpas para a exploração de minerais. O resultado foi positovo em particamente 100% dos casos. No entanto, a falta de conhecimento sobre essas novas técnicas dificulta sua implantação pratica. “A saída é ter um programa de conscientização do garimpeiro para mostrar os riscos do mercúrio e a existência de tecnologias limpas. Além disso, autoridades precisam ensinar os garimpeiros a utilizar essas novas técnicas”, diz. O diretor do Núcleo de Pesquisa para a Pequena Mineração Responsável esclarece que ao invés de mercúrio, os garimpeiros poderiam usar o cianeto, substância não poluente e economicamente mais rentável. “Entendo que a solução não é legal ou ambiental, é econômica. Temos que mostrar que usando tecnologias limpas ele poderão tirar mais ouro”, afirma.

Fonte: Globo Ecologia.

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