Os resíduos orgânicos, também conhecidos como lixo úmido, também podem
ser reciclados, sendo transformados, em muitos casos, em adubo. Somente por ano, 22 milhões de toneladas de alimentos têm um destino
certo: os aterros sanitários. Quando abandonados a céu aberto, os
resíduos orgânicos se transformam em chorume, líquido que contamina as
águas subterrâneas. Além disso, devido ao processo de decomposição, o
lixo orgânico produz gás metano (CH4), que é extremamente nocivo à
camada de ozônio. Como se não bastasse, esse tipo de dejeto atrai
animais como ratos e diversos tipos de insetos, propiciando a
propagação de doenças.
Como explica Marcos Rangel, diretor comercial da empresa Vide Verde,
uma das primeiras do Brasil a aproveitar comercialmente os resíduos
orgânicos, os transformando em adubo, o país ainda tem muito a evoluir
neste setor. “Apenas 5% dos resíduos orgânicos são aproveitados no
Brasil em sistemas de reciclagem de nutrientes e no aproveitamento
energético. Uma pena, não pelo aproveitamento energético, já que temos
matrizes limpas no Brasil, mas pelo não aproveitamento de nutrientes
para a produção agrícola. Temos que importar alguns nutrientes para
esse tipo de uso, enquanto estamos jogando tudo no lixo”, alerta Marcos.
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A Vide Verde produz cerca de 30 toneladas de adubo a partir do lixo orgânico (Foto: Divulgação) |
O volume de alimentos que se joga fora no Brasil daria para alimentar,
aproximadamente, 30 milhões de pessoas por ano. Além do que sobra no
prato do brasileiro, o desperdício começa no campo e se agrava no
transporte de frutas, legumes e verduras, bem como nos seus respectivos
armazenamentos inadequados. Além disso, existe toda a questão
ambiental, já que para cada quilo de alimento descartado nos aterros
sanitários são emitidos 400 gramas de gás na atmosfera. Já nas
composteiras, locais onde o lixo orgânico sofre o processo de
decomposição de forma controlada, a emissão cai para quatro gramas por
quilo, ou seja, cem vezes menos.
Transformando lixo em adubo
A Vive Verde foi uma das primeiras empresas a acreditar no
potencial do lixo orgânico como fonte de renda, iniciando suas
atividades em 2007. Atualmente, a companhia tem faturamento mensal de
100 mil reais e atende a cerca de 30 grandes clientes. “A Vide Verde
produz aproximadamente 30 toneladas de adubo por mês, que são
distribuídos para o estado do Rio de Janeiro. Já temos o interesse de
outros estados pelo nosso produto. Começamos nossa operação em Resende.
Atualmente, já temos mais uma planta em operação, localizada em Magé,
que entrou em funcionamento em 2010”, conta Marcos.
Para cada dez quilos de lixo orgânico, é gerado um quilo de adubo,
conforme explica o diretor comercial. A empresa criou um processo
próprio de aceleração da compostagem do lixo orgânico, que requer
misturá-lo à palha, tendo como elemento fundamental a adição de um
catalisador específico, feito à base de lactose e algumas leveduras.
“A compostagem é um processo microbiológico de decomposição da
matéria orgânica. Ele é simples, mas exige um acompanhamento constante.
Temos que sempre monitorar a umidade, a relação carbono/nitrogênio, a
temperatura, entre outros fatores. Além disso, temos que ficar de olho
na presença de oxigênio, que deve ser bem balanceado para que o
resultado seja positivo”, explica Marcos, lembrando que o processo
normal de compostagem dura de cinco a seis meses e que com a tecnologia
criada pela Vide Verde, esse período cai para 40 dias.
Fonte: Globo Ecologia
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