Um dos assuntos mais comentados nos últimos anos é, sem dúvida, o ecodesign (ou design ecológico, design verde, eco friendly design, projeto para o meio ambiente e suas variações).
A partir de 1960 percebeu-se que o planeta possuía recursos finitos
e que a produção e descarte dos produtos gerava degradação ambiental.
Nos anos 90 surge o termo ecodesign para se referir ao método de
projetar produtos industriais com pouco impacto no meio ambiente e
adaptados ao uso consciente dos recursos naturais – ou seja,
relacionando aspectos de projeto e produção com a ecologia – sem
invalidar a funcionalidade e utilização dos produtos.
Para caracterizar um produto como fruto de ecodesign podem ser
utilizadas várias abordagens, que se referem à produção, ao tipo de
material utilizado e até ao método de descarte. Reduzir, reutilizar,
reciclar, aproveitar fontes alternativas de energia e produzir sem
excessos são algumas dessas abordagens.
Podemos listar algumas das premissas do ecodesign:
- Privilegiar materiais que respeitem o meio ambiente, de procedência ecológica, reciclados, certificados, biodegradáveis, reutilizados, leves, locais, renováveis e abundantes.
- Aumentar a durabilidade e eficiência do produto
- Projetar visando a reutilização ou a reciclagem dos materiais e embalagens
- Reduzir o mix de materiais, de preferência utilizando apenas um tipo
- Facilitar a desmontagem, separação, reposição e conserto das peças
- Produzir de forma mais limpa e segura, sem prejudicar o equilíbrio ambiental (de preferência, usando o ciclo fechado, onde os resíduos voltam para a indústria)
- Eliminar o uso de substâncias nocivas na produção e utilização do produto
- Projetar produtos atemporais (sem modismos), anti-obsolescência
- Desenvolver produtos multiuso, que possam ser utilizados por vários usuários e em mais de uma função
- Estabelecer um sistema de retorno do produto ao fabricante
- Reduzir a energia gasta na fase de transporte, otimizando a quantidade de produtos transportados
Devido à busca por produtos ecológicos, muitas empresas
“mascaram” seus produtos, divulgando-os como se tivessem preocupação
ecológica – quando na verdade, a intenção é somente mais lucro. Esta armadilha é comum, e sem a correta informação corremos o risco de cair nela.
E como fazer para descobrir empresas e produtos realmente verde?
Como consumidores, sabemos que um produto passa por diversas etapas até
chegar a nossa cesta de compras. Porém, só temos acesso às partes
“limpas” do processo. Vemos o produto na prateleira, escolhemos,
compramos, usamos e colocamos na lixeira. Tudo o que vem antes
(extração das matérias-primas, beneficiamento, transporte, produção) e
o que vem depois (recolhimento do lixo, resíduos, aterros ou
reciclagem) não está claramente visível.
Por isso, em primeiro lugar, devemos nos manter informados. Quando
uma organização honesta divulga algum produto ou empresa, provavelmente
suas ações são realmente envolvidas com o meio ambiente, e é possível
comprovar isto. Desconfie das “inovações” e soluções mágicas, que não
esclarecem exatamente em que ponto aquele produto ou serviço é
ecológica. Onde estão as evidências do que é verdade ou não?
É muito fácil rotular algo e ressaltar suas boas características –
mesmo que elas não existam. E é comum também existir um “selo verde”
inventado ou uma palavra vaga, sem detalhes e explicações, como “amigo
do meio ambiente”. Em outros casos se ressalta um atributo ecológico
mínimo, quando todo o resto é sujo.
Por isso: pesquise, converse com pessoas de confiança, e peça
explicações. Afinal, nosso papel como consumidores conscientes é
procurar sempre a melhor opção – mostrando para as empresas
que o ecodesign não é apenas uma moda. Lidando com os problemas de
forma coletiva e interligada, a chance de sucesso é maior. Afinal,
todos nós temos uma parcela de culpa no processo de destruição do
planeta.
Algumas atitudes práticas que podem ser tomadas:
- Busque os “fabricados no Brasil”. Artefatos de produção nacional valorizam a economia local e geram menos poluição no transporte.
- Evite utilizar produtos descartáveis, como copos e talheres de plástico. Você usa por 5 minutos, e eles demoram centenas de anos para se decompor.
- Valorize as ações honestas que buscam a preservação ambiental e a geração de renda para comunidades. Apesar de algumas vezes ser mais caro pagar por produtos ecológicos, há um motivo para isso. Geralmente são produzidos em menor quantidade, com melhor qualidade e utilizando materiais de baixo impacto, o que aumenta o preço.
- Da mesma forma, prefira pagar mais por produtos duráveis e atemporais do que pouco por algo que vai estragar logo ou sair de moda rapidamente. Isso vale para roupas, sapatos, brinquedos, móveis… Pense e avalie bem o que vai levar para casa.
- Opte por produtos feitos com matéria-prima renovável, reciclada ou reutilizada, ou com selos de certificação reconhecidos.
Não são nossas pequenas atitudes que irão trazer grandes resultados
– mas é um começo. É preciso um esforço conjunto, para que muitas
pessoas se conscientizem que as escolhas, de forma coletiva, podem
repercutir em grandes mudanças. Mas de qualquer forma, não existe o
produto perfeito: qualquer produção irá gerar danos ambientais, maiores
ou menores.
Fonte: coletivo verde
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